domingo, 24 de abril de 2011

EM '' CASA''

 NINGUÉM FOGE À LEI DA REENCARNAÇÃO.
ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral.
 HOJE, guardâmo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício.
HOJE, têmo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.
ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes.
 HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho problema, o cálice amargo da redenção.
ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.
 HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.
ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinquência.
 HOJE, achâmo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.
ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão.
 HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.

À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...
A humildade é a chave de nossa libertação.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.

terça-feira, 5 de abril de 2011

 
 
        “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” – Mateus 5:7
Sidney Francez Fernandes
Em 1977 minha mãe precisou submeter-se a séria cirurgia abdominal, para a retirada de um tumor maligno. Não obstante os bons prognósticos de seu médico-cirurgião, seu médico clínico me chamou particularmente. Informava que minha mãe teria uma vida normal por cinco anos. No entanto, após esse tempo, mesmo com todos os recursos da ciência, provavelmente a doença retornaria em fase terminal.
O clínico tinha razão. Em 1982, após cinco anos bem vividos junto dos familiares, iniciava-se um processo de acompanhamento em direção ao desencarne. Eu esperava pacientemente, acompanhando-a, procurando minimizar seus desconfortos. Não tinha dores. Mas, de vez em quando reclamava que os medicamentos não estavam fazendo efeito.
Nada mais havia o que se fazer senão minimizar seus medos e suas angústias. Não obstante todo o carinho que estávamos prestando, faltava alguma coisa.
Foi quando tive a ideia de solicitar ao seu médico – Dr. Márcio Tolentino – de Bauru (SP), que a visitasse periodicamente. A partir daí, uma ou mais vezes por semana, esse abençoado profissional visitava minha mãe. E a cada visita, ela aquietava-se, confiante com sua presença e passava alguns dias bem, embora com câncer em fase terminal. Lembro-me com emoção das visitas do Dr. Márcio em pleno domingo à tarde. Quando ele entrava na casa de minha mãe, suas esperanças se renovavam. E esse ritual maravilhoso se prolongou até a sua partida. Nunca consegui pagar qualquer dessas consultas a esse generoso e abençoado médico. Mas, a ele devo o alívio e a serenidade que antecederam o desencarne de minha mãe. Um verdadeiro apóstolo do Divino na Terra. Deus o abençoe sempre.

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Diz André Luiz no Livro Libertação, que “todos os médicos contam com amigos espirituais que os auxiliam. A saúde humana é dos mais preciosos dons divinos.” No entanto André Luiz destaca que o plano espiritual às vezes encontra dificuldades para assisti-los porque “nossa colaboração não pode ultrapassar o campo receptivo daquele que se interessa pela cura alheia”. Isto é, médicos são verdadeiros representantes da misericórdia divina na terra. Mas, precisam manter-se sintonizados com o Alto, seja lá qual for a sua religião. Bem-aventurados aqueles que oram, que levam a sério sua profissão. Bem-aventurados os que se revestem da missão divina que Deus lhes outorgou e espalham alívio e esperança aos seus pacientes. Agindo com diligência, interesse e boa vontade, esses profissionais acabam se tornando extraordinários agentes do bem. Sem dúvida, contam com sua competência e experiência, mas acima de tudo são inspirados pelos médicos da espiritualidade. Espalham misericórdia! Com certeza alcançarão misericórdia.