sábado, 4 de janeiro de 2014

FESTAS JUNINAS E VENDA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS PELAS CASAS ESPÍRITAS





Tenho conversado com confrades de toda parte sobre a realização de festas juninas e semelhantes pelas Casas Espíritas, com venda de bebida alcoólica. Perguntam-me o que penso de uma e de outra, como vejo a questão.
Inicialmente, as festas juninas. Realizadas com o fim de integrar os trabalhadores e angariar fundos para construções, têm se multiplicado, tornando-se tradicionais em alguns grupos. Tal como elas, jantares italianos, feijoadas, cafés da manhã e semelhantes.
Particularmente, nada contra. Penso que, como todo movimento filosófico e religioso, o Movimento Espírita também sofre influência dos elementos culturais de cada região. É natural que as referências pessoais e coletivas determinem a assimilação de costumes e sua incorporação saudável aos hábitos de certos grupos espíritas.
Assim, jantares comemorativos, almoços confraternativos, eventos para angariar recursos, haja vista que as Casas Espíritas têm contas a pagar, são naturais e devem ser mantidos dentro dos padrões de bom comportamento, boa organização e bom senso, para não estimular a sensualidade, a glutonaria e os excessos de todo tipo.
Entretanto, é preciso boa reflexão sobre a venda de bebidas alcoólicas nessas ocasiões. Temos assistido ao grande estrago que o vício do álcool tem ocasionado a pessoas e famílias. A própria legislação de trânsito, atenta a isto, tem intensificado o rigor no combate ao uso de álcool na direção de veículos automotores.
Pessoas, cada vez mais dependentes, utilizam-se do álcool como fuga da realidade, mergulham nas drogas mais pesadas estimuladas pelo seu uso, adoecem física e espiritualmente e comprometem a própria existência em sua razão.
As reuniões mediúnicas, laboratório de almas que são, assistem à manifestação de alcoolistas desencarnados que acusam o grande estragam que o vício causou em suas existências, concitando-nos à temperança, à vigilância.
Será certo que nós, como espíritas, estimulemos o seu consumo, a ponto de vender bebidas alcoólicas em nossas comemorações? Será que os fins – arrecadação de fundos – justificam os meios – estímulo à viciação? Estaremos, de fato, atendendo aos desígnios superiores que o Espiritismo encerra?
Que cada um tem o direito de querer beber, e na quantidade que quiser, isso não se nega. O livre-arbítrio está aí e não devemos ser sensores do comportamento alheio. Contudo, não devemos ocupar o papel espúrio daqueles que exploram as misérias alheias, locupletando-nos com os vícios que alimentam. Se nos convier fazê-lo, também o foi para os católicos que, na Idade Média, venderam um pedaço do Céu, como ainda o é para certos grupos, que vendem a felicidade em seus arraias religiosos, sob diversas formas.
A proposta espírita é consolar e esclarecer, nunca estimular o erro ou perpetrá-lo. Cuidemos de nossos grupamentos espíritas e de suas realizações, frente às graves responsabilidades que assumimos perante a nossa própria consciência.
Não nos transformemos em vendilhões do templo, pois correremos o risco de ser recebidos, pelo Cristo, não de braços abertos, mas de chicote em punho, na qualidade de hipócritas.
Conhecemos uma verdade que escapa à grande maioria das pessoas – a imortalidade da alma – e devemos libertá-las, como propõe Jesus, quando recomenda o conhecimento da verdade como instrumento de libertação. Ou deveremos aprisioná-las, explorando seus vícios e limitações sob o discurso de que é preciso “fazer dinheiro”, a todo custo, para promover o Bem?
 



Pedro Camilo

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014


 
Mesmo que não seja espírita, o caro leitor já deve ter ouvido falar de Divaldo Franco, orador, médium e divulgador do Espiritismo. Bem como na obra assistencial Mansão do Caminho. A Mansão do Caminho e o Centro Espírita Caminho da Redenção foram fundados por Divaldo e por Nilson de Souza Pereira
 
Como o Espiritismo não é profissão, Divaldo foi professor e funcionário público, e Nilson foi bancário, telegrafista do Ministério da Marinha e funcionário da Empresa de Correios e Telégrafos. Quando chegou a idade da reforma (aposentadoria, no Brasil), passaram a dedicar-se a tempo inteiro ao trabalho espírita. Divaldo foi e é o comunicador por excelência, e Nilson foi o organizador, o homem de bastidores da obra conjunta dos dois amigos.

A 21 de Novembro de 2013, o Tio Nilson partiu para a Pátria Espiritual. Graças à misericórdia divina, somos agora brindados com uma comunicação do exemplar trabalhador do Bem.
 
Mensagem psicofónica de Nilson de Souza Pereira, 30/12/2013,  pelo médium Divaldo Pereira Franco 
 
VITÓRIA DA VIDA 
 
Meus irmãos: Sou eu quem volta sob a proteção d...a Divina Misericórdia. A vida triunfa sobre a morte, e, há 40 dias desde o momento final no corpo, o amor incondicional do Pai prossegue socorrendo-me de modo que neste momento eu possa dizer com o coração túmido de saudade mas com o Espírito exultante: estou vivo! Tenho orado com fervor aguardando este momento de reencontro para agradecer a Deus a felicidade incomparável da longa existência aureolada de bênçãos que reconheço não merecer. Nossa Benfeitora trouxe-me hoje, às vésperas do encerramento do ano, para agradecer tudo quanto recebi durante a existência e, particularmente, nos dois últimos anos de impedimento e de limitação. De alma ajoelhada agradeço o devotamento, o respeito, o carinho de que fui objeto, mais especialmente a vigília dos filhos, de Gerulina, das cuidadoras e a paciência dos irmãos da Casa Grande, que não se enfastiaram com o meu demorado processo de libertação. Agradeço as homenagens que me foram oferecidas, as condolências, as lembranças, todo este colar de bondosas referências que não condizem com a minha existência humilde, sempre em plano secundário, de trabalhador braçal que sempre me considerei... Desejo registrar as emoções profundas, falar das alegrias incontáveis do reencontro com os seres queridos, alguns dos quais de saudosas recordações. Agradeço a todos que não me atrevo a nomear, que usaram de misericórdia para com o velho amigo causador de problemas... Que me perdoem os erros que não pude superar, as imperfeições que não consegui corrigir e a pequenez que não pude transformar em grandeza moral. Comovo-me com as saudades daqueles que me amam e suplico que sejam felizes. Suplico a Deus que transforme nossa Casa de amor num santuário de misericórdia, porque tudo passa mas o amor permanece. Ninguém nunca se arrependerá por ter agido com misericórdia, compaixão e amor. Que o nosso ninho de esperança permaneça como o lar dos que não têm abrigo, a estância, última que seja, para o repouso, na certeza de que, aqui entre nós de ambos os lados, Jesus estará de braços abertos dizendo com suavidade: Vem, meu filho, este lar é teu! Perdoem-me as emoções. É a primeira experiência. Embora preparando-me para este momento, a mente desatrela o corcel das lembranças, das saudades, da gratidão... Eu suplico que as preces continuem envolvendo-me para que eu possa corresponder às expectativas dos corações que me amam. Paz e misericórdia, gratidão profunda e súplica em favor de todos os que sofrem. O velho companheiro agradecido, Nilson 
 
(Mensagem psicofónica pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, na noite de 30 de Dezembro de 2013, em Salvador, Bahia.)