segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Considerações sobre finados e desencarnes


Fundamental ampliar a consciência da imortalidade em nós, pois ela leva-nos a compreender que estamos todos de passagem uns pela vida dos outros. Aprendemos, então, a amar sem apego, pois o apego é fonte de constante sofrimento. Portanto, com o desapego, o que não quer dizer desamor, aprendemos a aceitar de forma mais leve e tranquila quando um afeto tem de nos deixar para seguir seu caminho por outros recantos deste universo.


Tipos de desencarnes e as dores.
Há desencarnes violentos, abruptos, inesperados, como há desencarnes provenientes de doença de longo curso, suicídios e etc. Além, é claro, dos desencarnes de forma natural, como uma vela que vai, paulatinamente, apagando-se. Allan Kardec ensina que é como uma lâmpada que se apaga por falta de energia.

No entanto, qual o pior ou o melhor desencarne?
Isso depende muito de como o desencarnante e seus familiares encaram a morte.
Em realidade, é muito mais relevante a forma com que se viveu aqui na Terra do que a maneira como ocorreu o desencarne.
O suicídio é um capítulo à parte. Se por um lado o Espírito compromete-se sobremaneira perante as leis da vida, por outro lado existe a misericórdia de Deus que jamais fecha a porta aos seus filhos.

Aos familiares daqueles que se atiraram pelas portas enganosas do suicídio, orienta-se orar em benefício do afeto, porquanto a oração é genuíno bálsamo que o auxilia na recuperação de seu equilíbrio. Fundamental não se revoltar nem rememorar os momentos dolorosos envolvendo o Espírito que se suicida, a fim de não fazê-lo reviver com mais intensidade os seus dramas. Eis, também, uma das razões pelas quais deve-se orar com intenso fervor em benefício dos afetos que se precipitaram.
Há pessoas que não gostam nem de cogitar da morte, renegam a reflexão referente a grande certeza da vida e, por isso, sentem maiores dificuldades em superar a temporária separação quando ela ocorre.

Entretanto, há muita gente que vem trabalhando em si e nos familiares uma visão mais leve, encarando a morte como uma transição de um plano ao outro e não destruição plena da vida, dos sonhos e amores. Quem assim pensa conserva serenidade diante dos rumos tomados pela vida. Por conta do seu nível de espiritualização, naturalmente que ficam tristes, contudo libertos da revolta que costuma caracterizar aqueles que não se prepararam para a inevitável separação.
É comum nos preocuparmos se o nosso afeto sofreu ou não no momento derradeiro de sua vida. Ficamos a pensar:


Como foi o instante do desencarne? Sentiu dores? Sofreu? Chorou?
O Espiritismo responde essas questões e apaziguá o seu coração. Dizem os sábios invisíveis que no momento derradeiro da existência não há sofrimento, e que o indivíduo sofre mais durante a vida do que no instante de seu desencarne. Para alguns, aliás, o desencarne é um júbilo, pois vê chegar o final de seu exílio no corpo físico.
Muita gente fica impressionada com o tipo de morte de seu afeto, principalmente quando é violenta. Compreensível que o contexto da morte cause maior ou menor comoção. Uma coisa é ver seu afeto partir após doença de longo curso. Outra coisa é vê-lo deixar esta vida de forma brutal, assassinado por exemplo.

A propósito, na obra que tive o prazer de escrever Pérolas devolvidas – publicada pela Editora CEAC, que aborda o tema partida de entes queridos, conto o caso de uma senhora que viu seu filho ser brutalmente assassinado. Indagada se havia perdoado o assassino, respondeu de forma inesquecível:
- Perdoar em meu caso não é uma escolha, mas necessidade. Se conviver com a ausência de meu filho está difícil, com ódio seria insuportável.
Uma sábia mulher que, apesar da dor, concedeu para si mesma o presente do perdão. Vive em paz, não obstante a saudade que faz sangrar seu coração materno, segue sua vida de forma digna e confia em Deus de que um dia, cedo ou tarde, reencontrará seu filho.





E a alma, fica presa ao corpo depois de sua morte? Como funciona isso?
Informam os Espíritos que não há uma separação abrupta entre alma e corpo, e isto efetua-se de forma gradativa. Os laços que mantinham ligados Espírito e corpo físico por meio do  perispírito (corpo espiritual), vão paulatinamente rompendo-se até ocorrer a separação definitiva. Naturalmente que o tempo de desprendimento entre corpo e alma é variável de pessoa para pessoa.
Quanto mais ligada a matéria for o indivíduo maior é o tempo em que permanecerá de alguma forma ligado ao seu corpo físico.
Eis porque a necessidade de irmos nesta existência dando-nos conta de que estamos, realmente, apenas de passagem, cultivando, pois, os valores além da matéria. Se cuidar do corpo é importante e, aliás, ressaltamos esta importância, cuidar do Espírito, buscando autoconhecer-se e praticar o bem no limite das forças é fundamental, pois, como bem sabemos, não somos o corpo, mas, sim, um Espírito que está temporariamente morando no corpo físico.


E após o desencarne, para onde vamos, para onde vão nossos amores?
Pergunta muito comum de natural curiosidade. Afinal, já que a vida não se encerra no túmulo, para onde iremos nós e nossos amores?
O Espiritismo ensina que Céu e Inferno não são locais geográficos, mas estados de consciência. Portanto, nossa consciência que ditará os locais onde estaremos. Se conscientes de que somos Espíritos imortais, cumpridores de nossos deveres e entendedores de que necessitamos domar nossas más inclinações, naturalmente que iremos para um local no plano espiritual que faz jus as nossas aspirações, realizações, necessidades e desejos. Logo, tanto encarnados como desencarnados viveremos onde mais tivermos afinidades de vibração, formando comunidades espirituais. É por essa afinidade de vibrações que se formam as colônias espirituais, como, por exemplo, a chamada Nosso Lar, conhecida pelas narrações de André Luiz ao médium Chico Xavier. Se gosto de futebol procurarei lugares onde as pessoas falam de futebol e não de voleibol. Então, por analogia, entendo que aqui ou no além procurarei habitar regiões em que tenho afinidades.





No dia de finados posso visitar meu afeto no cemitério?
Em palestras pelo interior do estado de São Paulo no mês de outubro, fui indagado justamente sobre isso. Uma jovem perguntou se podia visitar sua mãe no cemitério e levar flores?
Claro que pode ir ao cemitério, foi nossa resposta, entretanto, considere que no cemitério estão apenas os despojos carnais de sua mãe. Seu Espírito, bem provável, não esteja por lá. Indaguei-lhe qual o local da casa que a mãe mais gostava. Ela disse, feliz, como se sentisse a presença da mãe ao seu lado: Na cozinha! Mamãe adorava a cozinha. Então, disse-lhe, que tal colocar as flores na cozinha e conversar lá com a sua mãe, atraindo-a pelo pensamento ao local onde ela apreciava na casa. Certamente que sua mãe sentirá suas vibrações de amor e, a depender de sua situação no mundo dos Espíritos e da permissão de Deus, poderá comparecer para uma visita. Penso que ela ficará muito mais a vontade em estar na cozinha de sua casa do que no cemitério, certo? Ela, sorrindo, fez que entendeu a mensagem e despediu-se.


Apenas morre o corpo!
Tenhamos a certeza de que apenas o corpo morre, mas a essência permanece viva, nosso Espírito vivem pela eternidade afora.
A separação é apenas temporária. Ademais, a morte do corpo não mata os bons momentos vividos, não sepulta as ternas recordações, não destrói uma vida digna de exemplos edificantes.
Muitos dizem sentir saudades. Ah, quão abençoada é a saudade, pois representa o amor que fica.
Celebremos nossos amores em nosso coração, elevando nosso pensamento a Deus em forma de gratidão por termos convivido e aprendido com eles.
O Espiritismo matou a morte tétrica, trágica, fúnebre ao informar:
Eles vivem... eles vivem...
E se eles vivem, um dia nos reencontraremos...
Quem viver, verá...
 

Uma Orientação política para o Brasil - Emmanuel fala sobre a má política e a falta de cérebros e de sentimentos


Faltam os cérebros e os sentimentos

"Faltam os executores, os cérebros e os sentimentos.
Evite-se a expansão do interesse pessoal, as competições mesquinhas, a ambição de ganhos e domínios, os assaltos ao Tesouro Público, o exibicionismo, e cultive-se, acima de tudo, o interesse da coletividade. Basta isso. A coletividade é a nação e não se compreende o patriotismo fora dessas normas."



Isto está no livro Notáveis Reportagens com Chico Xavier, pág. 205 da 2a. edição IDE-2003. Capítulo 36 - UMA ORIENTAÇÃO POLÍTICA PARA O BRASIL NAS PÁGINAS PSICOGRAFADAS DE CHICO XAVIER!

O Evangelho e seu significado na evolução

O Evangelho e seu significado na evolução
Tema do I Colóquio Bahia-Mundo de Espiritismo

A Federação Espírita do Estado da Bahia promove o I Colóquio Bahia-Mundo de Espiritismo, dentro do XVI Congresso Espírita da Bahia, entre 30/10 e 2/11/2015.
Contando com um rol de expositores convidados, inclusive do GEECX, haverá o desenvolvimento o oportuno estudo do tema “O Evangelho e seu significado na evolução”, tendo Simone Figueredo, como Coordenadora.
A referida coordenadora do tema distribuiu uma sugestiva pauta de reflexões para os expositores. Vale a pena a reflexão sobre o temário.
Destacou Simone Figueredo alguns pontos para estudo e debate para a melhor compreensão do “Evangelho e seu significado na evolução”: “Que significado tem o Evangelho no contexto da evolução? Há orientações no Evangelho que podem nos levar à superação do estágio humano?
O Espiritismo se propõe a vivência do pensamento de Jesus. Como espíritos que somos, o que podemos realizar com os seguintes “mandamentos”?
  1. “Sede vós pois perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus.”
(Mateus 5: 48)
O que entendemos por perfeição? Acreditamos neste estágio na condição humana?
  1. “Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?… Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e  vem, e segue-me!” (Mateus 19:16  e 19:21).
– Até que ponto somos capazes de abdicar dos bens terrenos? É possível desfrutar da riqueza material e alcançar o reino do céu? O que significa a vida eterna?
  1. “Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros, e que, assim como eu vos amei, vos ameis também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13:35)
“Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (João 15:13)
– Como estamos vivenciando o amor nas relações? Podemos alcançar o ideal de “um só pensamento e um só coração”?
  1. "Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível" (Mateus 17.20).
“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.” (João 14:12)
– Acreditamos em nosso potencial? Como vivenciar esta afirmação no cotidiano?
O que pensamos sobre a vida em comunhão com Deus? O que fazemos para desfrutar deste estado? O que podemos pensar sobre a estrutura de uma sociedade humana baseada nos princípios do Evangelho? O que será possível realizarmos como comunidade espírita centrada no Evangelho para renovar as estruturas sociais vigentes?”
O XVI Congresso Espírita da Bahia faz uma oportuna inovação estimulando para que os integrantes do grupo temático pensem em cada um dos itens/perguntas.
Aliás, é o tipo da reflexão e estudo que deveria se ampliar nas instituições e no Movimento Espírita.
Equipe GEECX

Seminario Vencendo Seus Conflitos


 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

LANÇAMENTO DE LIVRO Saude e Espiritismo

Saúde & Espiritismo - As Conquistas de Hoje Para a Medicina do Futuro

Este livro marca os 20 anos de fundação da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil) e celebra essa data apresentando a aliança entre ciência e espiritualidade em diversas temáticas de relevância para a atualidade.
O fio condutor de todas as pesquisas e abordagens é o compromisso com a saúde humana em uma perspectiva ampliada: o equilíbrio biopsicossociespiritual ou, em uma definição mais profunda, a real conexão criatura-Criador.
Em cada capítulo há uma análise do espírito imortal à luz da ciência espírita e do conhecimento científico, demonstrando as conquistas de hoje para a medicina do futuro.
O livro está à venda na loja da AME-Brasil.
Compre o seu agora mesmo aqui.


Semana Espirita de Santos!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O 1º MOVIMENTO VOCÊ E A PAZ DE SÃO PAULO FOI MARAVILHOSO





Neste sábado, 26 de setembro DE 2015, ocorreu o 1º Movimento Você e a Paz da cidade de São Paulo. O evento, que foi promovido pela Associação de Desenvolvimento Espiritual Reencontro, teve lugar no Parque Sabesp "Jornalista Fiori Gigliotti", na Mooca, zona leste da capital, e contou com a presença de milhares de pessoas.

O Movimento Você e a Paz é uma atividade sem caráter religioso ou político, idealizado e criado por Divaldo Pereira Franco e mobilizado pelo ideal de uma vivência pacífica entre as criaturas humanas. Foi iniciado em 1998, em Salvador/BA, e hoje já se encontra em mais de 200 cidades brasileiras e 15 países, de diferentes continentes.






A partir das 14 horas, foram realizadas diversas atividades com as crianças, como piscina de bolinhas, cama elástica, pintura artística facial, desenhos para colorir e outros. Às 16 horas, apresentaram-se a Fanfarra infantil da obra social "Dom Bosco", de Itaquera, o grupo folclórico indígena e a Orquestra de Cordas Laetare, com a regência de Muriel Waldman.


A cerimônia foi oficialmente aberta às 17 horas, com a execução do Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Polícia Militar de São Paulo e, na sequência, balões brancos, representando a paz, foram soltos por todos os presentes, compondo um belo espetáculo de formas e movimentos no céu do parque. Vale ressaltar que esses balões eram de material biodegradável, não prejudicando, portanto, o meio-ambiente.








O ator e diretor de teatro, Odilon Wagner, na condição de mestre de cerimônia do evento, convidou a Senhora Lu Alckmin, representando o Excelentíssimo Governador do Estado de São Paulo, o Senhor Geraldo Alckmin, a subir ao palco. Juntaram-se a ela os palestrantes e líderes religiosos Alexandre Caldini, representando o Espiritismo, Heródoto Barbeiro, representando o Budismo, Sheikh Jihad Hassan Hammadeh, representando o Islamismo, Cônego José Bizon, representando o Catolicismo, e o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco, idealizador e criador do Movimento Você e a Paz.

Convidado à palavra, Jonas Pinheiro, presidente do "Reencontro", falou de sua imensa alegria pela realização desse movimento na capital paulista e agradeceu, comovido, às centenas de voluntários, parceiros, apoiadores e patrocinadores do evento. Jonas falou também da inauguração do monumento "Você e a Paz" na praça do Parque Sabesp e da "Cápsula do Tempo", uma urna na qual serão depositadas mensagens e compromissos de paz e que somente será aberta no ano 2045.

Na sequência, foram entregues os troféus "Você e a Paz" pelas mãos de Divaldo Franco a diversas instituições, empresas e pessoas contempladas nas categorias "Instituições Que Realizam a Paz", "Empresas Que Viabilizam a Paz" e "Personalidades Que Se Doam".






Para falar sobre a paz, foi chamado à tribuna o Cônego José Bizon, representante do Catolicismo, que evocou as palavras do salmo 133 para iniciar sua mensagem: "Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união." Ele destacou que é necessário que haja paz na Terra, mas que isso deve começar no íntimo de cada ser humano. Afirmando que a paz é uma proposta perfeitamente viável, esclareceu que ela surge a partir da justiça bem realizada na sociedade.

Após, Alexandre Caldini, representante do Espiritismo, propôs que a paz deve começar no cadinho do lar, onde os desafios da convivência familiar nos exigem enormes cotas de renúncia, equilíbrio, reflexão, tolerância e diálogo. Foi também recordada a admoestação de Jesus "vigiai e orai", a fim de que cuidemos especialmente de nossos pensamentos, fonte geradora de todo bem e de todo mal. Caldini falou do perdão e da gentileza como recursos fomentadores da paz interior.

Então, foi a vez do Sheikh Jihad Hassan Hammadeh, representante do Islamismo, apresentar a sua mensagem sobre a paz. A sua saudação inicial foi recomendando a paz de Deus a todos. Conforme esclareceu, o Islamismo prega que um dos atributos da divindade é a própria paz e que todo devoto de Deus deve, portanto, buscar viver retamente, cumprindo com os seus deveres, respeitando o seu próximo, sendo profundamente correto e justo. Concluiu suas reflexões afirmando que a paz é o fruto que se colhe da longa semeadura e do cultivo da justiça entre os homens.






Na sequência, Heródoto Barbeiro, representante do Budismo, falou sobre a proposta do príncipe Sidarta Gautama, o Buda, a respeito da paz. O Budismo, segundo ele, é a religião da prática e tem como um de seus princípios fundamentais "ahimsa", isto é, a não-violência, ou, a paz. Para alcançar-se a paz, seria necessário trilhar o denominado caminho do meio, que quer dizer o caminho do equilíbrio. A meditação, a viagem interior, a busca da espiritualidade verdadeira seriam meios indispensáveis para a conquista da autoiluminação e, por via de consequência, da paz interior.

Para o encerramento desse evento, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco foi convidado à palavra. Ele iniciou sua mensagem discorrendo sobre o "Manifesto 2000", proposto pela UNESCO. 

No ano 2000, aquela organização internacional elaborou um estudo profundo com especialistas a respeito de como poderia ser alcançada a paz no mundo. A conclusão foi a de que esse desiderato poderia ser conquistado sem grandes dificuldades, desde que os governos de todas as nações comprometessem-se a seguir os itens incluídos no manifesto. Curiosamente, todos os seus itens, de alguma forma, derivavam de ensinamentos ou recomendações das diversas religiões do planeta, versando sobre a ternura, a afetividade, o amor, a compreensão, a tolerância. Os seis itens seriam: preservar a paz, onde quer que ela se encontre; rejeitar a violência; ser generoso e tolerante; procurar ouvir para compreender; respeitar a natureza; e, finalmente, redescobrir a solidariedade. Divaldo recordou também que no mesmo ano 2000, na cidade de Nova Iorque, nos EUA, foi realizado o Primeiro Encontro Mundial de Líderes Religiosos, promovido pela Organização das Nações Unidas. 

Esse encontro contou com a participação de mais de mil líderes das principais religiões do globo, que ali discutiram os mais graves problemas da Humanidade, como a violência, a miséria, as guerras, o meio-ambiente, compondo-se, ao final, uma declaração mundial de paz, com os principais itens e recomendações desse conclave, que foi destinada aos governos de todos os países, a fim de que seguissem tais sugestões como medida de promoção da paz na Terra.






Para a compreensão da questão da violência, nas suas variadas expressões, Divaldo fez uma análise antropossociopsicológica da criatura humana, fundamentado nos estudos do psicólogo americano Dr. John B. Watson, que concluiu que as três primeiras emoções sentidas e desenvolvidas pelo homem foram, nesta ordem, o medo, a ira e o amor. Nesse sentido, apenas mais recentemente teríamos começado a experimentar, a sentir e a desenvolver o amor, sendo-nos mais comuns as manifestações do medo e da ira, esta última desdobrada em ódio, raiva, rancor, agressividade, violência.

O médium espírita também apresentou uma narrativa sobre o holocausto contida nos livros "Perdão Radical", de autoria de Brian Zahnd, e "Os Girassóis", de Simon Wiesenthal, para falar sobre o perdão radical como um grande passo para a conquista da paz interior, esclarecendo que o perdão nada tem a ver com o esquecimento da ofensa, mas sim com a atitude positiva de não revidar o mal com outro mal. Divaldo explicou que o perdão das faltas alheias pode mais facilmente ser logrado se o ser humano atender ao apelo terapêutico de Jesus, quando anunciou que deveríamos amar ao próximo como a si mesmo. O autoamor conduz o indivíduo à compreensão de suas próprias limitações, de sua fragilidade e de seu potencial evolutivo, tornando-o mais tolerante e paciente consigo mesmo, e como consequência disso, o auto-perdão lhe surgiria mais naturalmente. E, ao reconhecer que é um ser humano frágil e com profundos conflitos e dificuldades de superação de sua inferioridade moral, passaria a olhar o seu próximo com um olhar mais tolerante também, mais amoroso, facultando-lhe isso o exercício do perdão aos outros com maior facilidade.





Concluindo a sua mensagem, Divaldo afirmou que a origem de todos os tipos de crise que o planeta está vivendo é a crise ético-moral dos seres humanos e que, por essa razão, é indispensável que promovamos a educação moral de nós mesmos, nas bases propostas no Evangelho de Jesus, a fim de que possamos vencer as nossas más paixões e pacificar o nosso mundo interior, dulcificando a alma e vivendo em paz, servindo e amando a todas as criaturas.

Com a declamação dos lindos e profundos versos do Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, o 1o. Movimento Você e a Paz de São Paulo foi encerrado em clima de emoção , alegria e , claro, muita paz nos corações, deixando a certeza de que um mundo melhor e pacífico é possível e começa dentro de cada um de nós.

Num grande coro de mais de 2000 vozes, a música tema do Movimento , "Paz pela Paz", de Nando Cordel, ecoou pelo parque, enviando a mensagem de paz de São Paulo para o mundo.



Texto: Júlio Zacarchenco
Fotos: Jorge Moehlecke

Registro. XXIX Encontro Fraternal com Divaldo Pereira Franco

27-09-2015 
Neste domingo, dia 27 de setembro, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco participou do XXIX Encontro Fraternal na cidade de Santo André/SP. O evento ocorreu durante todo o dia na sede da Instituição "Amélia Rodrigues" e contou com um público de cerca de 4000 pessoas.
 
No período da manhã, das 9h às 12h, Divaldo realizou um minisseminário sobre o amor.
 
Como preâmbulo do tema central, o médium recorreu às propostas dos eminentes psiquiatras Viktor Frankl e Carl Gustav Jung que ressaltam a necessidade de a criatura humana eleger um sentido psicológico profundo para a sua existência e vivenciá-lo ao longo da jornada carnal. A denominada terapêutica do sentido da vida seria indispensável para que todos pudéssemos ter resistências morais para os embates do dia-a-dia. Nesse sentido, surgiria o amor como o mais excelente e eficiente sentido existencial para uma vida saudável, de equilíbrio, pacífica e feliz. O amor, na sua manifestação mais ampla, seria, de fato, a solução para todas as intrincadas problemáticas do ser humano.
 
Analisando a interação mente-corpo ou, ainda, Espírito-perispírito-corpo físico, a tríade que compõe o ser reencarnado, foi explicado que cada indivíduo é um universo em si, que deve ser descoberto, compreendido e cuidado, e que todas as manifestações de nosso ser iniciam-se no pensamento. De modo a corroborar esse ensinamento espírita,  Divaldo falou das pesquisas dos Drs. David Bohm e Stewart Wolf, ambos físicos quânticos, que afirmaram que os pensamentos e as emoções influenciam os eventos quânticos, gerando, inclusive, alterações na forma de nosso DNA. Pensamentos e emoções negativos deformariam o nosso DNA e comprometeriam a nossa atividade imunológica, levando-nos a estados de doença, enquanto que os pensamentos e as emoções superiores teriam um efeito fomentador do equilíbrio e da saúde integral em nós. O equilíbrio de nosso universo particular, tanto quanto do universo infinito, estaria fundado na lei de Amor.
 
Avançando em suas reflexões em torno do tema, Divaldo discorreu sobre a "lei de Amor", conforme as instruções espirituais contidas no capítulo XI de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", elucidando que no início de nosso processo evolutivo na condição humana vivemos mais instintivamente, mas que na medida em que ocorre o nosso progresso intelecto-moral, desenvolvemos as sensações, as emoções e, finalmente, os sentimentos nobres, cuja culminância é o sentimento do amor universal. Isso dar-nos-ia uma compreensão mais profunda a respeito de nosso estágio evolutivo e de como experimentamos o amor em nossas vidas, ou seja, ainda numa condição mais instintiva, sensorial, sexual.
 
Nesse ponto do seminário, o enfoque foi sobre o amor de natureza sexual e as experiências humanas nesse contexto. Foi demonstrado como o amor sexual ainda tem primazia na vida da maioria das criaturas humanas, muitas vezes em detrimento do amor espiritual, ficando isso evidente quando, na História da Antiguidade Clássica, encontramos as figuras mitológicas dos deuses Eros e Cupido, os quais, de alguma forma seguem idolatrados por grande parte da sociedade contemporânea. Divaldo abordou os tormentos do sexo em desalinho, os desvios da libido e a terapêutica espírita para a condução equilibrada das forças sexuais, que, segundo destacou, devem ser aproveitadas sim, porque divinas, mas dentro de uma conduta moral muito séria, a fim de que possam proporcionar-nos a plenificação espiritual. 
 
Retomando a sua fala inicial, Divaldo concluiu o seminário reafirmando que o Amor, esse sentimento sublime e que foi ensinado e vivenciado de maneira incomparável por Jesus, é a solução para todos os males, conflitos e crises da Humanidade; que devemos eleger o Amor , incluindo-se nessa proposta o auto-Amor, como a meta essencial para a nossa existência, insistindo, sem tréguas, nesse ideal redentor, que nos conduzirá aos estados interiores de alegria, segurança e paz.
 
No período da tarde, houve várias apresentações musicais e também um período de algumas horas em que Divaldo Franco esteve à disposição de um imenso público para autógrafos e cumprimentos.
 
No início da noite, às 18h, o médium retornou ao palco principal para a conferência de encerramento do encontro.
 
Suas primeiras colocações foram no sentido de que a manifestação excelente do Amor constitui o grande desafio de todas as pessoas. Conforme esclareceu Divaldo, a Terra é um planeta que serve para experiências reencarnatórias de Espíritos ainda não muito desenvolvidos sob os aspectos moral e espiritual. Isso explicaria por que todos trazemos tantas heranças negativas de existências passadas, conflitos psicológicos profundos, hábitos e paixões inferiores de difícil superação. Considerando o processo de evolução espiritual, ainda estaríamos mais próximos do estágio dos instintos e das sensações, do que do estágio dos sentimentos nobres, da vivência do amor universal, da razão e da intuição.  Todos esses aspectos ainda inferiores de nosso ser constituiriam a nossa sombra, segundo o pensamento do psicanalista americano Dr. James Hollis. A nossa tarefa na Terra, portanto, seria a de trabalharmos para que essa sombra fosse iluminada e, assim, diluída, num processo conhecido como individuação.
 
Essa proposta do Dr. James Hollis estaria perfeitamente concorde com a orientação da Psicologia Espírita, porquanto, ao definir o verdadeiro espírita ou o verdadeiro cristão, Allan Kardec referiu-se à necessidade imperiosa de os indivíduos empreenderem todos os esforços possíveis para se transformarem moralmente para melhor e evitarem ser arrastados por suas más inclinações.
Divaldo esclareceu que para a realização desse processo de individuação - ou transformação moral para melhor-, é necessário que nos utilizemos das ferramentas do amor e do autoamor, conforme recomendação terapêutica de Jesus, exarada no amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, assim como a si mesmo. É fundamental, segundo o médium, que na viagem do autodescobrimento utilizemo-nos do amor para que não sejamos os carrascos de nós mesmos, num comportamento autopunitivo, e nem nos tornemos coniventes com os próprios erros, porque o autoamor nos convida ao dever de nos melhorarmos de pouco a pouco, para que nos libertemos do sofrimento.
 
Para ilustrar o poder transformador do amor, foi narrada uma comovente história de uma jovem ludibriada por seu namorado e que acabou nas malhas terríveis da prostituição sexual. Essa jovem, após ouvir uma palestra espírita, na qual fora narrada a vida de Maria Madalena, foi tocada profundamente pelo exemplo de transformação radical da ex-meretriz de Magdala e, por sua vez, sentindo o poder de atração do amor de Jesus, decidiu-se por abandonar definitivamente a vida de meretrício, posteriormente consorciando-se e tendo catorze filhos, sendo alguns adotivos, demonstrando que não importa o nosso passado, mas sim o que fazemos de nossas vidas no presente. O amor, esse "sol interior que reúne em seu foco ardente todas as aspirações sobre-humanas", seria, sem dúvida, a mais poderosa força de transformação e sublimação de vidas.
 
Na conclusão da conferência, utilizando-se da mediunidade psicofônica com transfiguração de Divaldo, Dr. Bezerra de Menezes (Espírito) ofereceu belíssima e profunda mensagem a todos os presentes, afirmando que trazemos em nós uma chispa divina, que é a própria presença de Deus na criatura humana. Dirigindo-se aos espíritas-cristãos, Dr. Bezerra falou da honra de conhecemos o Evangelho de Jesus e da imensa responsabilidade que paira sobre nós em virtude desse conhecimento, porquanto já estamos conscientes de que a nossa vida deve ter um sentido ético-moral muito profundo e que a existência terrena deve ser bem aproveitada no cumprimento de nossos deveres morais, a fim de que, quando a morte física nos arrebatar do corpo, a nossa consciência esteja tranquila e não experimentemos as angustiantes perturbações dos que malbaratam a oportunidade reencarnatória. O nobre benfeitor espiritual concluiu sua mensagem dizendo que todos fomos criados para a glória estelar e que devemos bendizer as dores e a agradecer a dádiva da purificação espiritual, amando o quanto pudermos e servindo o quanto possível, porque o serviço ao próximo representa a própria paz de Deus em nós.
 
Texto: Júlio Zacarchenco
Fotos: Jorge Moehlecke
 
 
 
(Recebido em email de Jorge Moehlecke)

Recidiva obsessiva

O processo desobsessivo, que objetiva o reequilíbrio de mentes envolvidas em ódio e perseguição, por vezes mútuos, engloba procedimentos bem específicos para a sua eficácia, conforme explicita Allan Kardec, em O evangelho segundo o espiritismo:1 a substituição dos fluidos negativos permutados pelos protagonistas da sintonia mental deletéria, presentes no períspirito de ambos, por fluidos salutares, o que se faz pela prece, pelo passe e pela água fluidificada; o esclarecimento do desencarnado, efetivado no diálogo em sessão específica de intercâmbio espiritual; e pela adesão do encarnado ao propósito de retirar de sua personalidade o que se constitui na matriz, ou fator predisponente, da influência obsessiva. Sem isso, poderá envolver-se novamente com a obsessão, pelo retorno do obsessor, atraído magneticamente para junto de si; pela aproximação de um outro Espírito obsessor, que se afinize com os vícios, físicos ou morais, do encarnado; ou pela auto-obsessão, em função da fixação mental nos episódios que se desdobraram antes e durante a obsessão, resultado de um condicionamento ou hábito, que existia ou passou a existir.
A tese é tratada por André Luiz, ao estudar o vampirismo espiritual, como consequente obsessivo:
– Todavia, não poderíamos provocar a retirada dos vampiros inconscientes?
– perguntei.
– Os interessados
– explicou Alexandre, a sorrir
– forçariam, por sua vez, a volta deles. Já se fez a tentativa que você lembrou, no propósito de beneficiá-los, de modo indireto, mas a nossa irmã se declarou demasiadamente saudosa do companheiro e o nosso amigo afirmou, intimamente, sentir-se menos homem, levando humildade à conta de covardia e tomando o desapego aos impulsos inferiores por tédio destruidor. Tanto expediram reclamações mentais que as suas atividades interiores constituíram verdadeiras invocações, e, em vista do vigoroso magnetismo do desejo constantemente alimentado, agregaram-se-lhes, de novo, os companheiros infelizes.2 (Destaques nossos.)
A narrativa acima demonstra o fenômeno da recidiva obsessiva. A presença do desencarnado passou a sustentar morbidamente o ânimo dos encarnados, que não suportaram a ausência dos conviventes. Num, a atração do desencarnado ocorreu por depressão, manifestada na saudade enfermiça da companheira indócil à desencarnação do companheiro que, sem elevação espiritual, retornou ao ambiente doméstico em estado obsessivo; no outro, com o afastamento do obsessor, que o estimulava sexualmente, sentiu uma diminuição das forças da libido, fazendo-o “sentir-se menos homem”, levando-o a um “tédio destruidor”. Em ambos os casos, o desejo dos personagens determinou a atratividade do obsessor originário, que lhes assumiu o controle emocional com sensíveis reflexos orgânicos.
Estabelecida essa operação de ajuste, que os desencarnados e encarnados, comprometidos em aviltamento mútuo, realizam em franco automatismo, à maneira dos animais em absoluto primitivismo nas linhas da natureza, os verdugos comumente senhoreiam os neurônios do hipotálamo, acentuando a própria dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam para o governo das excitações, e produzem nas suas vítimas, quando contrariados em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático.3 (Destaques nossos.)
O circuito neuronal4 grifado participa do chamado sistema límbico, que controla o comportamento emocional e as forças motivacionais do indivíduo, tendo na posição chave o hipotálamo. A temperatura corporal, a absorção e difusão de fluidos orgânicos, o desejo de comer e beber, os batimentos cardíacos, pressão arterial (sistema cardiovascular), respiração e todas as demais funções vegetativas do corpo físico são determinadas pelo sistema mencionado. Especificamente, o hipotálamo é quem comanda, sem embargo de estruturas coadjuvantes, resumidamente: a secreção de hormônios endócrinos, pela influência na hipófise, as emoções, tais como: a raiva, a agressividade, a tranquilidade, reações de medo, de punição, o desejo sexual, a passividade, a aversão, bem como a dor, a memória, a aprendizagem etc. Portanto, uma estimulação ou excitação negativa dessas regiões do encéfalo, conforme o tempo e a intensidade, causará alterações orgânicas e comportamentais de graves consequências, além de estatuírem, conforme mencionado, condicionamentos ou hábitos, fontes da permanência ou recorrência do estado obsessivo:
Encontrando em sua vítima os condicionamentos, a predisposição e as defesas desguarnecidas, disso tudo se vale o obsessor para instalar a sua onda mental na mente da pessoa visada. […]
O perseguidor age persistentemente para que se efetue a ligação, a sintonia mental, enviando os seus pensamentos, numa repetição constante, hipnótica, à mente da vítima, que, incauta, invigilante, assimila-os e reflete- os, deixando-se dominar pelas ideias intrusas.
Kardec explica que há também um envolvimento fluídico: “Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade”.5
Desdobrando o estudo dos comprometimentos neurofisiológicos na obsessão, notadamente em casos de vampirizacão, André Luiz elucida o abalo em nível neuro-hormonal que passa a existir, pelo desajuste das funções do hipotálamo, utilizando-se de uma singular comparação:
Nessas condições, o obsessor ou parasita espiritual pode ser comparado, de certo modo, à Sacculina carcini, que, provida de órgãos perfeitamente diferenciados na fase de vida livre, enraíza-se, depois, nos tecidos do crustáceo hospedador, perdendo as características morfológicas primitivas, para converter-se em massa celular parasitária.3
A literatura especializada6 descreve que a larva da Sacullina ao penetrar o caranguejo, perde sua antiga forma, para tornar-se uma massa celular. Após esse processo, ramifica-se, absorvendo a nutrição do crustáceo, impedindo seu crescimento e muda. O parasita, desenvolvendo-se no ambiente orgânico do hospedeiro, altera-lhe a fisiologia e a anatomia, por meio de liberações hormonais, estabelecendo um comportamento impróprio no parasitado. Nessa fase, o hospedeiro vive para atender às necessidades do hóspede indesejado, que lhe sustém enquanto é útil aos seus intentos.
Na obsessão, o desencarnado encontrando ambiente, e, conforme o compromisso entre credor e devedor, mantém uma repetição infinita de pensamentos de ódio, vingança, remorso, egoísmo, medo, pânico, ansiedade, tristeza e outros, com imagens vivas, que retiram do encarnado a percepção da realidade, podendo culminar em suicídio, em enfermidades psiquiátricas variadas, em distonias orgânicas de etiologia indefinida e/ou atitudes comportamentais inadequadas, dada a alteração emocional e bioquímica provocada, o que caracteriza a fascinação e a subjugação. A partir de então, o obsessor é nutrido por energias fluídicas e, curiosamente, sustenta a vítima, enquanto for de seu interesse, formando uma simbiose mórbida de mentes, que mina toda a força psíquica do encarnado, causando- lhe um colapso no campo físico e mental, se não for interrompida.
Importa ao lidador da desobsessão compreender a complexidade do processo obsessivo e desobsessivo, para atuar devidamente. Identificada a obsessão, o encarnado deve ser auxiliado e orientado, com o fim de evitar que se aprofunde em estados emocionais negativos, que lhe causem danos difíceis de serem superados, renovando condicionamentos ou hábitos. O estudo do Evangelho de Jesus, sob a ótica da Doutrina Espírita, o acompanhamento pela equipe de atendimento espiritual da Casa Espírita, o envolvimento da família no processo desobsessivo e, conforme o caso, essencialmente o tratamento médico e psicológico especializado, são medidas de elevada importância:
[…] assim como existem medidas terapêuticas contra o parasitismo no mundo orgânico, qualquer criatura encontra, na aplicação viva do bem, eficiente remédio contra o parasitismo da alma. […]
O hospedeiro de influências inquietantes que, por suas aflições na existência carnal, pode avaliar da qualidade e extensão das próprias dívidas, precisará do próprio exemplo, no serviço do amor puro aos semelhantes, com educação e sublimação de si mesmo, porque só o exemplo é suficientemente forte para renovar e reajustar. […]
[…] pelo devotamento ao próximo e pela humildade realmente praticada e sentida, é possível valorizar nossa frase e santificar nossa prece, atraindo simpatias valiosas, com intervenções providenciais, em nosso favor.7
Com medidas de disciplina interior, caridade moral e material ao próximo, saneamento orgânico, pelos recursos fluídicos, o enfermo favorece a ação de Espíritos superiores a ele simpáticos, desarma o perseguidor espiritual, recompõe seu fluido vital, fortificando-se, e, mesmo que tenha ocorrido uma perturbação orgânica, a vontade firme de se reequilibrar dará novos comandos mentais aos sistemas neuronais afetados, abrindo a mente para a liberdade e a vida, nos dizeres do notável médico André Luiz.7
REFERÊNCIAS:
1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014. cap. 28, it. 81.
2 XAVIER, Francisco C. Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. 45. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2015. cap. 5, p. 57.
3 ____. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 27. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014. pt. 1, cap. 15, it. Infecções fluídicas, p. 118 e 119, respectivamente.
4 GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. cap. 58, p. 731, 734 e 735.
5 SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/ Desobsessão. 2. ed. 8. imp. Brasília: FEB, 2014. cap. 9, p. 61-62. Ver também: KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro. 53. ed. 1. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2013. cap. 14, it. 47.
6 STORER, Tracy Irwin et al. Zoologia geral. 6. ed. rev. e aumen. São Paulo: Nacional, 2003. cap. 25, p. 499.
7 XAVIER, Francisco C. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 27. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014. pt. 1, cap. 15, Terapêuticas do parasitismo da alma. p. 121-122.

Editorial – Prudência

[…] sede prudentes como as serpentes e inocentes como as pombas.” (Mateus, 10:16.)
Atualmente, mais que dantes, estamos sendo convocados a vivenciar as verdades imortais que a Doutrina Espírita coloca ao alcance de todos indistintamente.
Colocar em prática a mensagem do Cristo requer, sobretudo, renúncia, sacrifício, profunda transformação intelecto-moral, possibilitando à inteligência deter, inicialmente, conhecimento, e ao sentimento modificar, posteriormente, o que se conquistou pelo conhecimento em valores éticos e morais, este o grande desafio.
Somente após a prática é que se adquire condições para ofertar o que se tem, porque ter o domínio do conhecimento, por si só, não significa tudo possuir; apenas se detém e ninguém pode doar o que ainda não está em sua posse, a qual somente é amealhada pela prática, pela vivência no esforço continuado da prática do Bem.
Doa-se o que se tem e não o que se detém.
Quando se fica restrito à detenção, verifica-se que há um percurso a ser realizado até a posse.
Assim, não se deve esquecer de que ascender significa trabalho, esforço, sacrifício, silêncio, oração. O momento atual, mais do que nunca, convoca a todos a ficarem atentos à realidade a fim de melhor compreender o que se passa ao redor e aproveitar as oportunidades que se lhes apresentam, nem sempre como lazer, mas, em sua maioria, como testemunho.
Os tarefeiros da seara espírita precisam estar unidos, convictos dos principais fundamentos espíritas para, fortalecidos, sedimentarem suas convicções na crença em uma fé raciocinada que, além de iluminar as consciências, proporciona paz e tranquilidade.
Jamais, sob quaisquer pretextos, se deverá relegar a segundo ou demais planos os princípios abraçados, sob pena de a própria consciência cobrar, intimamente, o compromisso assumido para consigo e perante a Causa.
Tais princípios aí estão esclarecidos não por interpretações pessoais, mas por Espíritos de escol designados pelo Mestre para levar a Doutrina Espírita a todos os rincões da face da Terra.
Nunca a humanidade necessitou tanto do Cristo como nos dias de hoje.
Estudemos Kardec e jamais nos esqueçamos de praticar a Doutrina que ele codificou e vivenciou de maneira magistral, fazendo com que a voz dos Espíritos materializasse o Espiritismo no plano físico.
Prossigamos! Confiantes, mas atentos.
Mansos como as pombas, mas prudentes como as serpentes.

Os desafios da Casa Espírita

Inegavelmente, o Espiritismo está na vanguarda do pensamento religioso do mundo. Um Centro Espírita é, na Terra, um posto avançado da Espiritualidade superior. E, como ainda estamos num mundo de provas e expiações, as investidas das trevas para desestruturá-lo são constantes.
Houve tempo em que os ataques provinham de fora, como um bombardeio, mas hoje as trevas procuram atuar no interior das casas espíritas, aplicando um processo de implosão. Os inimigos da Doutrina já se convenceram de que o bombardeio externo não produz os efeitos desejados. Pelo contrário, constituem até propaganda. O Espiritismo já venceu a batalha exterior, pois hoje é respeitado e as suas casas não mais são molestadas como o eram antigamente, até com ataques físicos. Hoje, o desafio maior é no interior delas, porque atualmente os inimigos do Bem procuram agir dentro da própria Casa Espírita, semeando a discórdia, o descontentamento, o estrelismo, entre os colaboradores.
Por isso, o “orai e vigiai para não cairdes em tentação” (Mateus, 26:41) é ensinamento para ser lembrado a toda hora. A manutenção do bom clima espiritual não deve ser deixada por conta somente dos trabalhadores espirituais.
Além das reuniões de trabalho rotineiro deverão haver outras, de simples convivência, entre os trabalhadores. Um cafezinho, um chá, tudo muito simples, sem oportunidade para concursos de iguarias.
Compromisso diário de todos os colaboradores: leitura de uma página de um bom livro, como estes: Pão nosso, Vinha de luz, Fonte viva, Caminho, verdade e vida, Ceifa de luz, ou obra similar, e depois alguns minutos de reflexão e prece. Cultivo incessante da sinceridade, mas não da franqueza rude. Cultivo constante da boa vontade. Cuidado para não abrigar pensamentos negativos em relação aos companheiros. Prática constante da higiene mental.
Leitura frequente de livros como Nosso lar, observando como se relacionam os trabalhadores no mundo espiritual, atentando-se para o cuidado com os comentários feitos, tanto orais quanto mentais.
O trabalhador deve sempre lembrar-se de que tem de orar, com unção, pensando no alcance do trabalho, valorizando-o, assim impedindo que se estabeleça um clima de simples rotina. O trabalhador deve cultivar um estado de espírito que retrate sempre o entusiasmo dos primeiros tempos em que foi admitido na tarefa. Deve, periodicamente, em clima de prece, avaliar, refletir, analisar seu próprio desempenho. Deve lembrar-se de que, durante o sono, pode continuar seus estudos, visando a um aprimoramento na sua capacidade de servir. (Missionários da luz, cap. 8.)
O trabalhador de qualquer setor de uma Casa Espírita, ao buscar servir com dedicação, tem a oportunidade de preparar-se adequadamente para a convivência e o serviço no mundo espiritual, aonde irá depois de desencarnar, para apenas continuar servindo. Para o trabalhador verdadeiramente integrado na tarefa espírita, a desencarnação significará somente a mudança do lugar de serviço. Nas reuniões abertas ao público, deve ser dada atenção especial à recepção das pessoas que chegam à Casa Espírita. O acolhimento fraternal é de valor inestimável, pois não raro coroa os esforços de um Espírito que para ali encaminhou seu protegido.
Deve merecer especial cuidado o material escrito que é passado ao público, seja na livraria ou na simples distribuição de jornais, revistas ou panfletos. Nada, que não tenha passado pelo exame rigoroso de pessoas responsáveis, deverá ser entregue ao público.
A tribuna só deverá ser franqueada a pessoas bem conhecidas dos responsáveis pela Casa, não só quanto ao conhecimento doutrinário e capacidade de comunicação, mas também quanto à sua conduta pessoal.
Muito importante é a divisão do acervo literário. A Casa Espírita deverá ter uma biblioteca para consulta e empréstimo, constituída de obras de base doutrinária indiscutível, devidamente examinadas pelos responsáveis. Qualquer obra nova só poderá ser posta ao alcance do público depois de criteriosamente avaliada, pois tudo o que o leigo adquirir no Centro será tomado como pensamento espírita.
Uma biblioteca interna – para estudo dos trabalhadores da Casa – poderá conter até livros que combatam o Espiritismo. Entretanto, se, por um lado, podemos “examinar tudo”, como disse o Apóstolo Paulo (I Tessalonicenses, 5:21), por outro, só devemos passar ao público, numa Casa Espírita, aquilo que se enquadre perfeitamente nos postulados espíritas.
Deve-se ter especial cuidado para que o Centro Espírita não se torne uma “casa de bênçãos”, onde não haja esclarecimento suficiente sobre o uso e a eficácia do passe, da água fluidificada e da mediunidade. O público deve ser informado periodicamente sobre a finalidade terapêutica do passe e da água fluidificada, a fim de que não sejam tomados como parte rotineira das práticas espíritas.
Cuidar para que as palestras não fiquem exclusivamente no campo científico, nem unicamente naquele do sentimento. Jesus sempre sensibilizou o coração falando igualmente à razão, o que levou Kardec a inserir, na folha de rosto de O evangelho segundo o espiritismo, este ensinamento lapidar: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”.
A prática mediúnica deve ser dirigida prioritariamente ao socorro e encaminhamento de Espíritos desencarnados que se encontram em sofrimento, causando, por vezes, dificuldades a desencarnados e a encarnados, em fenômenos obsessivos.
Hoje, infelizmente, em muitas casas espíritas a introdução do estudo da mediunidade e da avaliação do trabalho mediúnico ainda constitui um sério desafio.
Atualmente, está se generalizando a prática da psicografia como correio do Além, produzindo até mensagens sob encomenda. Nesse particular, deve ser lembrada a sábia advertência de Chico Xavier: “O telefone toca de lá para cá”.
Outro desvio do uso da mediunidade refere-se à produção desenfreada de livros, sem que tenham passado pelo imprescindível controle doutrinário. Muitas obras comprometedoras são comercializadas sob a capa de obtenção de recursos para manutenção de creches, de abrigos para idosos, de auxílio aos pobres, como se o fim justificasse os meios.
Chás, lanches, almoços e jantares, visando a obtenção de recursos deverão ser levados a efeito com parcimônia, para não se tornarem prática constante, capaz de desviar os objetivos da Casa Espírita. O Centro Espírita deve ser, antes de tudo, uma escola de educação de almas.
José Passini